PÓS-VERDADE E PANDEMIA DA COVID-19: DIÁLOGOS COM A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA

Autores

DOI:

10.37618/PARADIGMA.1011-2251.2021.p280-300.id969

Palavras-chave:

fake news, negacionismo científico, vieses cognitivos, educação em ciências, complexidade

Resumo

O termo pós-verdade é frequentemente associado às disseminações de fake news e a visões negacionistas da ciência, como negacionismo climático e movimento antivacinas, por exemplo. Uma alternativa para lidar com o fenômeno da pós-verdade consiste em compreender as circunstâncias em que as desinformações surgem, bem como as comunidades nas quais esse fenômeno se enraíza. Além do negacionismo científico e da rápida disseminação de informações nas redes sociais, a configuração evolutiva da nossa própria estrutura mental proporciona um clima favorável para o atual cenário da pós-verdade. Excepcionalmente em tempos de pandemia do novo coronavírus, a não valorização e o descrédito do conhecimento científico apresenta sérios riscos à vida. Diante disso, procuramos discutir neste artigo o contexto da pós-verdade, as raízes psicológicas desse fenômeno a partir da teoria dual da mente, e, em seguida, refletir de que maneira a educação científica pode dialogar com esse fenômeno, essencialmente, no contexto da pandemia do novo coronavírus.

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Biografia do Autor

Mayara Gomes da Silva, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Mestranda em Ensino de Ciências (PPGECEM/UEPB). Psicóloga em formação (UFPB). Especialista em Desenvolvimento Humano e Educação Escolar (UEPB, 2018) e Licenciada em Ciências Biológicas (UEPB, 2015). É integrante do Grupo de Estudos da Complexidade e da Vida - GRECOMVIDA (UEPB). Tem interesse em pesquisas em Educação em Ciências/Biologia e suas interfaces com a Psicologia, sobretudo numa perspectiva transdisciplinar/ecofeminista e das epistemologias do Sul. 

Maria Ruthe Gomes da Silva, Universidade Federal da Bahia (UFBA)

É Graduada em Física Licenciatura pela Universidade Federal de Campina Grande. É mestre em Ensino de Física no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB). Atualmente é doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino, História e Filosofia das Ciências na Universidade Federal da Bahia (UFBA). É integrante do Grupo de Pesquisa, Diversidade e Criticidade nas Ciências Naturais (DICCINA) da UFBA. Tem interesse em pesquisas que relacionam as teorias e os movimentos Feministas com História da Ciência e Ensino de Física.

Márcia Adelino da Silva Dias, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (1993) e licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Potiguar (2006). Mestre em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2001) e Doutora em Educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2008). Atualmente desenvolve atividades como professora adjunta na Universidade Estadual da Paraíba/Campus I, ministrando as disciplinas de: Estágio Supervisionado em Ensino de Ciências e Biologia, Filosofia da Ciência, Filosofia da Educação e Pesquisa em Ensino de Biologia. Docente efetiva do Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (MECEM), do Centro de Ciência e Tecnologia - CCT/UEPB. Fundadora e coordenadora do Grupo de Estudos da Complexidade e da Vida (GRECOMVIDA)/Campus I/UEPB. Quando de seu ingresso no quadro docente da UEPB, deu continuidade às pesquisas na área de formação docente e inseriu as pesquisas em Didática e Ensino de Ciências, a partir do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência PIBID/CAPES e do Programa de Residência Pedagógica/CAPES, no qual está inserida como coordenadora da área de Biologia. Os projetos de Iniciação Científica, PIBID, Extensão Universitária e PROPESQ têm encontrado continuidade com a Linha de Pesquisa em Didática, no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Educação Matemática (CCT/UEPB), no qual as pesquisas têm sido integradas em um sistema complexo que articula a formação docente às pesquisas em etnobiologia.

Karla Patrícia de Oliveira Luna, Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

Possui graduação em Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Católica de Pernambuco (1994), mestrado em Biofísica pela Universidade Federal de Pernambuco (1999) e doutorado em Saúde Pública pelo Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães/FIOCRUZ (2010). Atualmente é professor efetivo da UEPB (Universidade Estadual da Paraíba - Campus I). Ministra aulas da disciplina Biofísica na graduação. Possui orientações em Iniciação Científica nesta área, contemplando temas de Toxinologia (venenos animais). Faz parte do Mestrado em Ensino de Ciências e Matemática (PPGECEM) da UEPB. Ministra na referida pós graduação aulas das disciplinas Biotecnologia e Práticas de Laboratório para o Ensino de Ciências/Biologia, realizando orientações em ambas as áreas.

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Publicado

2021-06-30

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Como Citar

Silva, M. G. da, Silva, M. R. G. da, Dias, M. A. da S., & Luna, K. P. de O. (2021). PÓS-VERDADE E PANDEMIA DA COVID-19: DIÁLOGOS COM A EDUCAÇÃO CIENTÍFICA. PARADIGMA, 42(1), 280–300. https://doi.org/10.37618/PARADIGMA.1011-2251.2021.p280-300.id969